segunda-feira, 15 de março de 2010

VARIEDADES LINGUÍSTICAS

Pechada
O apelido foi instantâneo. No primeiro dia de aula, o aluno novo já estava sendo chamado de "Gaúcho". Porque era gaúcho. Recém-chegado do Rio Grande do Sul, com um sotaque carregado.
– Aí, Gaúcho!
– Fala, Gaúcho!
Perguntaram para a professora por que o Gaúcho falava diferente. A professora explicou que cada região tinha seu idioma, mas que as diferenças não eram tão grandes assim. Afinal, todos falavam português. Variava a pronúncia, mas a língua era uma só. E os alunos não achavam formidável que num país do tamanho do Brasil todos falassem a mesma língua, só com pequenas variações?
– Mas o Gaúcho fala "tu"! – disse o gordo Jorge, que era quem mais implicava com o novato.
– E fala certo - disse a professora. – Pode-se dizer "tu" e pode-se dizer "você". Os dois estão certos. Os dois são português.
O gordo Jorge fez cara de quem não se entregara.
Um dia o Gaúcho chegou tarde na aula e explicou para a professora o que acontecera.
– O pai atravessou a sinaleira e pechou.
– O quê?
– O pai. Atravessou a sinaleira e pechou.
A professora sorriu. Depois achou que não era caso para sorrir. Afinal, o pai do menino atravessara uma sinaleira e pechara. Podia estar, naquele momento, em algum hospital. Gravemente pechado. Com pedaços de sinaleira sendo retirados do seu corpo.
– O que foi que ele disse, tia? – quis saber o gordo Jorge.
– Que o pai dele atravessou uma sinaleira e pechou.
– E o que é isso?
– Gaúcho... Quer dizer, Rodrigo: explique para a classe o que aconteceu.
– Nós vinha...
– Nós vínhamos.
– Nós vínhamos de auto, o pai não viu a sinaleira fechada, passou no vermelho e deu uma pechada noutro auto. A professora varreu a classe com seu sorriso. Estava claro o que acontecera? Ao mesmo tempo, procurava uma tradução para o relato do gaúcho. Não podia admitir que não o entendera. Não com o gordo Jorge rindo daquele jeito.
"Sinaleira", obviamente, era sinal, semáforo. "Auto" era automóvel, carro. Mas "pechar" o que era? Bater, claro. Mas de onde viera aquela estranha palavra? Só muitos dias depois a professora descobriu que "pechar" vinha do espanhol e queria dizer bater com o peito, e até lá teve que se esforçar para convencer o gordo Jorge de que era mesmo brasileiro o que falava o novato. Que já ganhara outro apelido: Pechada.
– Aí, Pechada!
– Fala, Pechada!
(Crônica de Luis Fernando Veríssimo)

domingo, 6 de dezembro de 2009


DEPOIMENTOS DAS CURSISTAS
- GESTAR II -

“GESTAR é uma experiência valiosa. É a oportunidade de repensar e modificar minhas atitudes enquanto educadora.”

“GESTAR é uma oportunidade singular de trocar ideias, experiências e práticas utilizadas e vivenciadas em sala de aula.
Elas vão muito além das teorias passadas no decorrer dos anos.”

“GESTAR é uma oportunidade para realizar melhor o meu trabalho.”

“GESTAR é encontrar um novo saber.”

“GESTAR é o encontro onde aprendemos a colocar em prática com os alunos os conhecimentos adquiridos no curso de Letras. São novas atitudes que renovam o dia-a-dia do professor.”

“GESTAR é uma forma de ampliar e melhorar minha prática enquanto formadora.

sábado, 5 de dezembro de 2009

RELATÓRIO MENSAL DAS ATIVIDADES DESENVOLVIDAS – GESTAR II
(NOVEMBRO E DEZEMBRO)

As atividades continuam e em 03/11/09, estudamos e discutimos o TP 2 – Unidades 5 e 6 e o AAA2, correspondente à oficina 11. Os assuntos dessas unidades são: a gramática e os seus vários sentidos e a frase e sua organização. O debate inicial foi feito com todas as turmas do Gestar II e uma atividade em grupo foi aplicada e apresentada. Num segundo momento, cada formador recebeu dos cursistas o relato das experiências de um “Avançando na Prática” que foi socializado e comentado.
No dia 10/11/09 foram entregues os projetos de leitura bem como os materiais produzidos pelos alunos devidamente organizados. O relatório do projeto e as considerações finais completam a atividade. As cursistas também fizeram a avaliação das atividades desenvolvidas.
Para esta data, 17/11/09, o cronograma prevê o Seminário de Avaliação que precisou ser transferido. Então, a pedido das cursistas, fizemos o estudo teórico e reflexivo do TP 2.
Já em 24/11/09, realizamos a oficina 12, referente ao TP 2, unidades 7 e 8 e o AAA 2. A socialização dos “Avançando na Prática” foi o foco de trabalho. Além disso, todos os formadores e cursistas do grupo de Tubarão apresentaram, em forma de seminário, os projetos desenvolvidos em sala de aula.
No dia 01/12/09 fizemos a confraternização coletiva. Muitos agradecimentos e depoimentos significativos marcaram o encerramento do curso. Troca de lembranças e música preenche o encontro.
Os relatos do “Avançando na Prática” são momentos de troca de experiências, aprendizagem e comentários críticos e sugestivos. A produção textual tanto do aluno quanto do professor encontra-se estimulada e em atividade.
As cursistas são comprometidas com a realização das atividades propostas e estudos sugeridos, mas há alguns imprevistos e dificuldades pedagógicas como falta de tempo para desenvolver toda a atividade. Além disso, a conclusão do projeto acarretou alguns transtornos, pois a maioria dos professores cursistas e escolas participantes não dispõem de recursos tecnológicos em bom funcionamento.

terça-feira, 24 de novembro de 2009

Reflexão para a oficina 12

A PEDRA

O distraído nela tropeçou...
O bruto a usou como projétil.
O empreendedor, usando-a, construiu.
O camponês, cansado da lida, dela fez assento.
Para meninos, foi brinquedo.
Drummond a poetizou.
Já, Davi, matou Golias, e Michelangelo extraiu-lhe a mais bela escultura...
E em todos esses casos, a diferença não esteve na pedra, mas no homem!
Não existe "pedra" no seu caminho que você não possa aproveitá-la para o seu próprio crescimento.
Independente do tamanho das pedras, no decorrer de sua vida, não existirá uma, que você não possa aproveitá-la para seu crescimento espiritual. Quanto a sua pedra atual, tenho certeza que Deus irá te dar sabedoria, para mais tarde você olhar para ela, e ter orgulho da maravilhosa experiência que causou em sua vida, no seu crescimento espiritual
.
(Autor desconhecido)

Abençoado dia para você!!!

sexta-feira, 6 de novembro de 2009



A criação de um diálogo entre jovens, permite um passeio pelas gírias de nossa época.
Não é tarefa fácil para professores que pouco dominam esse vocabulário.
A músicas e as varidades linguísticas

Samba do Arnesto
(Adoniran Barbosa)

O Arnesto nos convidou pra um samba, ele mora no Brás
Nós fumos não encontremos ninguém
Nós voltermos com uma baita de uma reiva
Da outra vez nós num vai mais
Nós não semos tatu!
No outro dia encontremo com o Arnesto
Que pediu desculpas mais nós não aceitemos
Isso não se faz, Arnesto, nós não se importa
Mas você devia ter ponhado um recado na porta
Um recado assim ói: "Ói, turma, num deu pra esperá
Aduvido que isso, num faz mar, num tem importância,
Assinado em cuspo porque não sei escrever"
Arnesto


SAMBA DO ARNESTO EM LINGUAGEM FORMAL

O Ernesto nos convidou para um samba. Ele mora no bairro do Brás, na cidade de São Paulo. Dirigimo-nos até sua casa, porém não encontramos nenhum dos convidados. Retornamos muito chateados. Caso haja um próximo convite, não mais aceitaremos, afinal não somos pessoas que gostam de ser trapaceadas.
( texto produzido por algumas cursistas)

terça-feira, 3 de novembro de 2009

Momento de reflexão - Oficina 11

O BARQUEIRO

Em um largo rio, de difícil travessia, havia um barqueiro que atravessava as pessoas de um lado para o outro. Em uma das viagens, ia um advogado e uma professora. Como quem gosta de falar muito, o advogado pergunta ao barqueiro:
- Companheiro, você entende de leis?
- Não. - responde o barqueiro.
E o advogado compadecido:
- É pena, você perdeu metade da vida!
A professora muito social entra na conversa:
- Seu barqueiro, você sabe ler e escrever?
- Também não. - Responde o remador.
- Que pena! - Condói-se a mestra - você perdeu metade da vida!
Nisso chega uma onda bastante forte e vira o barco.O canoeiro preocupado pergunta:
- vocês sabem nadar?
Não! - Responderam eles rapidamente.
- Então é uma pena - conclui o barqueiro - Vocês perderam toda a vida!

"Não há saber mais ou saber menos: há saberes diferentes." (Paulo Freire)